quinta-feira, 22 de abril de 2010

Por que não jogar? Por que não se divertir?

A atividade lúdica em sala de aula costuma ser incentivada nas séries iniciais do ensino (Miranda, 2001), mas durante muito tempo não foi muito explorada no ensino médio e superior. Será porque o aluno do ensino médio/superior não tem interesse em jogos? Ou será, como sugere Miranda (2001), porque o professor do ensino médio/superior perdeu, ou deixou de desenvolver, sua própria ludicidade?
Jogos e atividades lúdicas didáticas, quando bem elaborados, exigem a experimentação de momentos de incerteza e de desafios, o contato com o inesperado, o planejamento, a colaboração, a aplicação de conceitos em contextos diversos, enfim, ajudam a preparar os participantes (alunos e professores!) para o nosso mundo de incertezas, na linha sugerida por Morin (2005a, 2005b).
Promover o envolvimento do aluno e garantir sua concentração em atividades de sala e extra-classe é um grande desafio para professores. Os jogos educativos se destacam como eficientes instrumentos envolventes e estimulantes, promotores de aquisição/reforço de conceitos e de situações desafiantes, que exigem criatividade, estratégia e aquisição/utilização de conhecimento para alcançar um objetivo lúdico, como ganhar o jogo, cumprir tarefas, construir alguma coisa, resolver um mistério entre outros (Guidetti et al., 2007; Morin, 2005a; Morin, 2005b; Toscani et al. 2007). Eles vêm sendo empregados com sucesso dentro e fora da sala de aula, com públicos de qualquer idade e escolaridade (Schall et al., 1999).
Jogos didáticos não são fins, mas meios que completam e se somam ao, mas nunca substituem o, trabalho do professor (Almeida, 1998).
Professores que transitam com segurança e leveza pela matéria que lecionam e consideram o processo ensino-aprendizado algo permanente na vida estão aptos a considerar o uso de jogos em aulas, em qualquer nível de ensino.
Referências:
ALMEIDA, Paulo Nunes de. Educação Lúdica: técnicas e jogos pedagógicos. 9ª edição. São Paulo: Loyola, 1998, 296p.
GUIDETTI, R.; BARALDI, L.; CALZOLAI, C.; PINI, L.; VERONESI, P.; PEDERZOLI, A. Fantastic animals as an experimental model to teach animal adaptation. BMC Evolutionary Biology, 7 (Supl. 2): S13. 2007. Disponível em http://www.biomedcentral.com/1471-2148/7/S2/S13, consultado em 2 de novembro de 2009.
MIRANDA, Simão de. Do fascínio do jogo à alegria do aprender nas séries iniciais. 1ª edição. Campinas: Papirus, 2001, 110p.
MORIN, Edgar. A cabeça bem-feita: repensar a reforma, reformar o pensamento. 11ª edição. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2005a, 128p.
MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários à educação do futuro. 10ª edição. São Paulo: Cortez Editora, 2005b, 116p.
TOSCANI, N.V.; SANTOS, A.J.D.S.; SILVA, L.L.M.; TONIAL, C.T.; CHAZAN, M.; WIEBBELLING, A.M.P. & MEZZARI, A. Desenvolvimento e análise de jogo educativo para crianças visando à prevenção de doenças parasitológicas. Interface – Comunicação, Saúde e Educação, v. 11, n. 22, p. 281-94, mai/ago 2007.
-Este texto é uma parte do artigo "Jogo das organelas: o lúdico na Biologia para o Ensino Médio e Superior", disponível em: http://www.cefetsp.br/edu/sertaozinho/revista/iluminart.htm

11 comentários:

  1. Bom dia, professora Estela, fiquei feliz em ver seu blog, também sou adepto desta forma de publicação e achei muito interessante pensar esta questão dos jogos para o ensino superior, pois além de termos crescido ou envelhido excessivamente para "jogar", outros professores olham com preconceitos para aqueles que entram na sala com este tipo de atividade, de forma que é interessante chamar a atenção para este tipo de prática pedagógica.

    ResponderExcluir
  2. Prof Weslei! Que honra ver seu comentário aqui, obrigada pela visita. Estou aprendendo essa nova linguagem e acho que é muito rica e pode permitir discussões bem interessantes.
    Realmente, quando a gente fala que vai usar um jogo, logo alguns colegas acham que isso é "infantilizar" o aluno do EM ou superior, ou então que é uma maneira de "passar o tempo". De uma forma é, o tempo de uma aula de jogo passa mesmo voando, mas de uma forma tão produtiva e eficiente como poucas outras aulas!

    ResponderExcluir
  3. Olá profª Estela, fico feliz por voce ter montado este blog com um assunto importante. Seria muito mais fácil para os alunos aulas com jogos ludicos, com isso o aprendizado fica mais interessante e dispertando a curiosidades nos alunos.

    ResponderExcluir
  4. Olá professora que tanto amo! Parabéns pela iniciativa... Fico feliz de poder encontra-lá aqui e adiante compartilhar ainda mais criatividades e experiências. O lúdico... Quantos desafios ultrapassei por meio de suas orientações de TCC! Estou muito feliz, sei que posso contar com vc. Parabéns pelo Blog.

    ResponderExcluir
  5. Legal Estela! Mas cuidado que a coisa vicia! E muito! Hehehehehe...
    Conta comigo no que eu puder ajudar mas, pelo jeito, vc vai longe...

    ResponderExcluir
  6. Olá Estelewry! Orgulho-me de ser teu amigo, e de compartilhar as mesmas impressões sadias sobre a ludo-educação. Na Bio da UNICAMP, sou co-autor do jogo Evoluindo Genética com o Prof. Pavan. Desenvolvi o módulo Acidentes Domésticos, que pode também ser jogado como bingo. Nada como trazer a diversão para a sala de aula, favorecendo sinapses e dando significado ao aprendizado com conteúdo. Penso que assim o aluno incompora mais facilmente, pois o contato é leve e dinâmico, e não maçante e unidirecional. Continue neste foco, e conte comigo para o que precisar. MUBabraço,Clau.

    ResponderExcluir
  7. Camila, Karen, Lacyr e Cláudio, que bom ter a visita de vcs. Mas é um pouco uma arapuca... depois de tomarem um cafezinho e conhecerem a casa, que tal me ajudarem na arrumação?? :o)
    É que eu estou aprendendo... quero colocar links aqui (para o grupo do Otávio Henrique, por exemplo, Cláudio, onde está o seu jogo e outros), mas não sei como!!!!!
    bjos e sejam sempre-bem-vindos (acho que já viciei, Lacyr!! Só preciso aprender os recursos)

    ResponderExcluir
  8. Oi Estela!
    Com certeza jogos ajudam a criar um aprendizado mais leve e intuitivo. Alem disso, é incrivel ver a capacidade dos alunos criarem qdo estimulados, especialmente com desafios.
    Quero ver os jogos q vc usa em aula- quem sabe nao consigo adapta-los para nosso curso para a farmacia?
    Beijos e saudades, Bia

    ResponderExcluir
  9. Oi, queridinha!!
    Muito boa iniciativa! Estou trabalhando com algo parecido para o ensino de entomologia, mas principalmente para os "pinguinhos de gente". Ainda estamos na fase de quebra-cabeças, caça-palavras e jogo dos erros, mas acho que para a faixa etária pretendida está um bom começo. Me pergunto se aquela série de experimentos "Ecologia dos Palitos de Dente" não se enquadra no que vc propõe... vc pretende linkar jogos? Dependendo do formato posso colaborar! Beijãozão! Pri

    ResponderExcluir
  10. Oi Bia e Pri! legal vcs por aqui, espero que eu consiga fazer um blog de serventia mesmo, esta é a idéia!!
    Bia, eu tenho um sobre organelas, está faltando formatar e aprender a postar aqui... acho que serve sim para Farmácia.
    Prica, certeza que o dos palitos seria legal, vc tem ele escrito?? E sabe como linkar?? Eu não sei, socorro!!! :-)

    ResponderExcluir
  11. Que legal professora!!!!
    Sem querer te achei, quando crescer quero ter um blog tão interessante quanto esse!!!

    Erika Pereira

    ResponderExcluir